Nasci mulher, é fato.
Gameta indiscutível,
Gene irremediável,
DNA jamais escrito.
Cresci menina, concordo.
Pernas cruzadas,
Cabelos arrumados,
Bolsas, óculos e sapatos.
Vivi madura, é certo.
Aprendi a traçar os olhos,
A disfarçar as lágrimas,
A não borrar a maquiagem.
Sonhei moleca, feliz.
Escrevi meus passos,
Acreditei nos planos,
Colhi meus frutos.
Provoquei emoções, faz parte.
Ensinei meus truques,
Repiquei batuques,
Batalhei com arte.
Briguei com a vida. Berrei!
Foquei problemas,
Resolvi teoremas,
Me entreguei aos poemas.
Quebrei espelhos, de raiva.
Escondi a dor,
Distribuí amor,
Superei o tempo.
Amei demais, é assim.
Atraí desejos,
Por puro capricho,
Ou não, por pura paixão!
Caminhei e caí, me ergui!
Não pretendo mudar.
Arregacei as mangas tantas vezes,
Que já nem sei desenrolar.
Mas...quer saber?
Essa vida eu não troco por nada,
Por ninguém.
Volto e vivo mil vezes, se puder.
E quando o véu da noite me levar,
Que o amor que distribuí
E os frutos que plantei,
Venham, enfim, me regar.
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