Há quem diga que a maior perda é aquela contra a qual lutamos com todas as forças e, mesmo assim, no final, acabamos por não conseguir evitá-la. Já eu, penso que, maior que essa, é aquela que, por mais que nos esforcemos, nos torna incapazes de exprimir reação frente a sua iminência.
Os intemperes da vida nos conduzem, muitas vezes, a enfrentar desafios que superam a condição humana de cada um e nos coloca à frente de nossos maiores defeitos. Só quem já foi levado à prova, como eu, é capaz de entender o que tento expressar.
Muitas vezes uma simples palavra, um simples gesto, bastaria para tornar tudo diferente e evitar o tão indesejável sofrimento. Mas, vez que outra, e por motivos nem sempre plausíveis, o que parece simples tornasse um gigantesco “bicho de sete cabeças”, quiçá oito... E, assim, foi.
Por mais que eu quisesse e tentasse evitar o naufrágio da capacidade ser eu mesmo, um turbilhão de medo e vergonha já havia tomado conta do meu senso de tal forma que acreditei que nada que eu fizesse surtiria efeito. Meus esforços foram neutralizados por minha própria incapacidade de ação todas as vezes que tentei erguer-me contra esses sentimentos. Meu rosto já não conhecia mais o sorriso que sempre o acompanhava antes de tudo mudar. E minha cabeça não pensava em outra hipótese que não a de esquecer, de vez, o que eu mais desejava.
Assim, permiti que meu corpo fosse dominado por vontades vãs que mudavam de acordo com a necessidade de não lembrar das recordações que mantive no coração e das quais ainda não podia me desfazer.
Mas, como tudo, enfim, passou.
Hoje, entendo que errei em permitir que minhas fraquezas se sobressaíssem aos meus sonhos, mas também sei que esse pode ter vindo a ser o mais correto erro dentre os quais cometi, pois, apesar de ter sentido na pele o furor de não ser capaz de, somente com a razão, vencer meus sentimentos, aprendi que meu poder de recuperação vai muito além de, apenas, aprender com os tombos, mas, também, de desenvolver a capacidade de não tombar de novo!
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Nem tudo acontece quando e como queremos... mas não significa que deixamos de querer!
Felipe Ribas Bênia